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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Chamada de emergência

Segundo soube hoje pelos media, a corporação de bombeiros de Castro Daire deixou de responder a todas as ocorrências, apenas dando resposta aquelas consideradas mais graves. Problemas de tesouraria impedem a corporação de abastecer as viaturas de socorro. Não consigo sequer imaginar o que será um dia a atender telefones naquele quartel de bombeiros. Quartel de bombeiros - Estou? Local do sinistro - ( Voz calma ) Estou? É dos bombeiros? Quartel de bombeiros - É sim, minha senhora! Faça o favor de se acalmar! Ora diga? Local do sinistro - ( Voz calma ) Olhe, o meu marido acaba de ter um avc! Têm de vir o mais rapidamente possível para aqui! Eu moro em Satão, mesmo no centro, junto à igreja. Quartel de bombeiros -Oh minha senhora, pelo amor de Deus! A senhora mantenha a calma. Estar nessa pilha de nervos não vai ajudar o seu marido! ( A mulher faz uma expressão de admiração! ) Olhe, em primeiro lugar, nós só estamos a dar resposta às chamadas graves! ( Pausa ) Em segund

É terça-feira...

Hoje é terça-feira e a vida continua exactamente na mesma. Quando encetei este projecto, pensei que o meu talento seria imediatamente reconhecido pelos meus "pares" e que não tardariam os convites para trabalhar como autor de textos humorísticos. O humor é uma água viscosa de que não é fácil distinguir os compostos. Saber que é uma água já é um avanço epistemológico enorme e deve-se a descoberta a um trabalho de investigação que começou há cinco minutos atrás e que já produziu frutos. O meu cérebro equivale a um pomar que dá fruta constantemente, alguma dela exótica, como se poderá concluir do acervo dos últimos dois meses. ( Pausa ) Esqueçam as últimas sete ou oito orações, estava a rezar em gramática e corre-me sempre mal. Este texto começa aqui. Passemos uma borracha no que acabo de dizer. Foi sem intenção. Hoje é terça-feira e há dois lados desta questão, pois no humor problematizamos tudo: por um lado, é efectivamente terça-feira, na habitual sequência semanal; por outr

Ó Elvas, ó Elvas...

Há duas coisas que eu não gosto quando vou passear para a Santa Quitéria, um lugar de peregrinação e lazer existente na pequena localidade onde vivo. Uma, é a maneira como a santa olha para mim, a outra, são diversos aspectos. Quem eventualmente achar que isto é muito pouco para "duas coisas", que arranje um determinado aspecto. Como hoje é domingo, vou dizer esta crónica em latim e de costas para vocês. Como vocês não existem, nem sequer ides dar conta. Tenho olhado para o mundo e está tudo de pernas para o ar. É com cada coice! O que vale é que ele é redondo e não se nota! Anda é a fazer movimentos de rotação, à razão de dois por dia, o que transtorna um bocado a vida às pessoas, que jantam ao almoço e tomam o pequeno-almoço à hora de jantar. É quase como ir à Austrália duas vezes por dia, só para o segundo jet lag anular o efeito do primeiro, e assim sucessivamente, até um dia o criador mandar o avião abaixo e acabar com estas cenas! As que eu faço e as que vocês fazem e

Crise vem do grego...

Boa noite a todos, muito obrigado por terem vindo. De todos os espectáculos que já fiz, o desta noite promete ser o mais espectacular. Desde logo porque não está a acontecer de noite! Depois, porque não está a acontecer! Em terceiro, e por maioria de razão, porque está condenado a não fazer rir ninguém. ( Pausa ) São as grades em que nos encerra a lógica clássica. ( Pausa ) Venho-me debatendo contra este flagelo da lógica aristotélica, contra os princípios que a sustentam, mas tem sido uma luta inglória. Porquê?, parece que vos ouço perguntar timidamente. Vá lá, não sejam assim! Na cama, são uns malucos! E a fazer perguntas sérias, parecem a Becky do Tom Sawyer! ( Pausa ) Não se compreende, suas galdérias! Respondendo à vossa pergunta: a minha luta tem sido inglória porque ninguém sabe o que é a lógica aristotélica! ( Pausa ) Nem eu! ( Pausa ) Nem os gregos! ( Pausa ) Nem o Futre! ( Pausa ) Nem o Futre, caramba! ( Pausa ) Se os gregos soubessem alguma coisa de Lógica clássica (grega)

Outros carnavais

Olá. Hoje acordei com um formigueiro que me apanhava os membros superior e inferior do lado direito ( Pausa ), mas depois bati com força no hemisfério esquerdo do córtex cerebral e a coisa compôs-se. O problema foi que acordei com uma erecção na perna esquerda ( Pausa ) e não a conseguia baixar... Parecia que tinha partido a perna e ficado com ela ao alto para evitar que certos aspectos se verificassem. Disfarcei o mais que pude e, sem acordar ninguém, fui até à casa de banho ao pé coxinho. Tentei abrir a porta com a mão mas ( Pausa ) a erecção antecipou-se. Fiz chichi, mas para aquele tipo de erecção ( Pausa ) não resulta, ficam já avisados se alguma vez vos acontecer, pois a perna manteve-se virada para cima. Para resolver o problema, sintonizei o rádio na TSF e ouvi as notícias das sete, com o lado direito do cérebro bem junto ao aparelho. A perninha começou logo a baixar mal processei as primeiras informações do dia sobre a crise da dívida soberana, o défice e o aumento galopante

Uma lição

Depois de Sócrates ter aprendido em Paris a declinar o conceito de "dívida", e ter vindo a Portugal num instantinho para esclarecer os portugueses sobre nuances da merda em que os tinha deixado, ficamos todos a saber que a merda não se paga, cria-se. Um pouco como os filhos. Depois de nos ter dado esta lição, voltou para França, onde segundo soube, estuda filosofia na Université Indépendent.

A agenda do presidente

Hoje é segunda-feira, véspera de terça-feira gorda. Nada melhor do que ir espreitar a agenda do senhor presidente da república para perceber onde é que ele não vai hoje e amanhã, sem avisar as pessoas. Ao que parece, o mais alto magistrado da nação (mede para cima de 1,80m) recebe o reitor da Universidade Técnica de Lisboa. Esta, Cavaco não vai falhar, a não ser que o reitor apareça com os alunos atrás. Aí a coisa promete aquecer e Cavaco deverá esconder-se na casa de banho. Segundo fonte da casa civil, o presidente tem vários procedimentos de segurança previstos para este tipo de situações. Procedimento 1 – Espreitar por trás das gelosias do palácio, para confirmar se o reitor chega sozinho. Procedimento 2 – Uma vez ultrapassado o primeiro check-point de segurança, o próprio Cavaco procederá à revista do reitor à entrada da sala de audiências. O objectivo é perceber se este leva alunos enraivecidos por causa do valor das propinas escondidos nos bolsos, ou camuflados no interior do fa

Estado de Graça

O que está a dar são programas de televisão em que pessoas conhecidas imitam pessoas ainda mais conhecidas. ( Pausa ) Ou é de mim ou a ideia é um bocadinho circular e a roçar as batatas fritas com mel e legumes servidos à parte? Como se não bastasse, no programa em causa, um júri composto por pessoas conhecidas e um tal de Zeca avaliam as prestações dos famosos que lá vão fazer as vezes de outros famosos. É caso para dizer que o panorama da tv em Portugal não está nada famoso. Ai não está não! Eu sei que "às vezes, as coisas têm destas coisas", mas isso também não explica tudo! Por exemplo, não, explica, as vírg,ulas nesta, frase, que parecem, célula,s sex,uais masc,ulinas vistas de cima pelo helicóptero de trânsito da TVI, em hora de ponta; não explica por que razão nunca ninguém se lembrou de deitar fora o IC19, já que está sempre entupido; não explica o estado em que se apresenta o "Estado de Graça" na RTP. Rio mais com o próprio Passos Coelho e esposa, com o An

É carnaval

Estou com uma traça tal nos dedos que até fico violento. Se eu fosse de Beja é que era pior, assim, só me dá para pensar em masturbação sadomasoquista. São oito da noite, portanto, seria masturbação em prime time com um share de 0% porque a masturbação é um acto autogâmico e, como tal, não se partilha com mais ninguém. Então, como é que vai a vida?, parece que vos ouço a perguntar. Vai uma merda jeitosa! Porquê?, parece que vos ouço inquirir. Se fosse possível colocar isto que sinto por palavras, diria que estou a fazer tobogã nos intestinos de uma vaca. Dubitativos? ( Pausa ) Que posso dizer? A não ser que depois da montanha-russa vertiginosa pela tripa abaixo, vem aquela sensação de alívio ao sermos projectados do esfíncter do bovino para um colchão fofinho de erva suculenta. E ali ficamos à espera de lixar o dia a alguém. O que é masturbação sadomasoquista?, parece que vos ouço questionar. Sinceramente, não ouviram (no caso de algum dia eu gravar esta crónica) mais nada depois da

O quarto segredo

"Às vezes, as coisas têm destas coisas", disse Jesus na Rússia.

Frase do dia

" O ambiente está a aquecer, estão 15º negativos, neste momento, em São Petersburgo", relatava o jornalista da Antena 1 no início do jogo Zenit-Benfica, esta noite, na Rússia.

Gente magra!

Actor - Sequência do texto anterior (Gente gorda). Deverá funcionar como segundo momento do espectáculo. O comediante deverá pegar no texto e fazer uma abordagem pessoal. Poderá usar as suas próprias características físicas para aprofundar o sketch. Os magros. Quem nunca se cruzou com um magro e não deu por nada que atire a primeira pedra. As pessoas magras quase não existem, têm a petulância das folhas caducas a esvoaçar num dia de vento. Experimentem tentar apanhar uma desssas folhas que caem no outono antes de tocar o solo. Não conseguem. ( Pausa ) Deus não deixa. ( Pausa ) É um jogo com Deus e com a Natureza. ( Pausa ) Não terão hipóteses. ( Pausa ) Agora tentem apanhar um magro! Não dá! Deus não deixa! Deus é magro! Deus prefere os magros. ( Pausa mais prolongada ) Aos gordos qualquer um os apanha! ( Pausa ) E Deus não faz nada! Deus come iogurtes magros e não se nota porque as barbas de Deus são brancas. Se uma mulher esguia, em lingerie, estiver a comer um iogurte e, acidenta

Gente gorda

Actor - O texto que se segue é para ser interpretado ao vivo, na primeira parte de um espectáculo de stand-up comedy. Durante o espectáculo, serão distribuídas maçãs pelo público. Está comprovado que as maçãs impedem o organismo de assimilar as gorduras. Gordos. Quem nunca se cruzou com eles? Aproximarmo-nos de um gordo no passeio é como chegarmos a uma rotunda. Uma vez que se entre num gordo procura-se a primeira saída. Os gordos dos dias de hoje olham para as pessoas magras como se olhassem para o mapa da África Subsariana: com pena daquelas pobres criaturas, que não tiveram a oportunidade de estagiar num alguidar de carne picada com cebola desde os doze anos até atingir a maturidade plena, por volta dos cento e cinquenta quilos. ( Pausa ) O que chateia nos gordos, hoje, é o exibicionismo: deixam a barriga à mostra de propósito, que sobra da t-shirt, incapaz de segurar a prega de gordura que pinga sobre o púbis nos dias mais quentes. É horroroso, sobretudo, quando o pingo rançoso

A aposta de Pascal

Acabo de acordar cheio de bom humor, preenchido por um hálito fresco e desodorizante, que espalho à minha volta para que outros possam fruir. Acho que é por causa disto que a dor que tenho no braço esquerdo não me incomoda assim tanto. Porque tenho bom hálito pela manhã. E porque sou bonito. O que me dava jeito era ter um cancro no braço esquerdo, assim a dor que tenho nos ossos deste membro inútil (sou direito) incomodar-me-ia ainda menos. Ah, se vocês existissem, até parece que vos ouço dizer:  - Não brinques com coisas sérias, Hélder. Olha que andas a brincar com o fogo! E depois à noite faço chichi na cama, não é? Ainda bem que vocês não existem e que a dor que tenho no braço esquerdo também não! Hoje apetecia-me falar de Deus, mas ele não apareceu e eu só falo das pessoas na presença delas. Se ele amanhã aparecer, falarei d'Ele com letra grande. Até pode ser que folgue as costas e ele fale por mim. E vos abençoe. E vocês passem a existir. Até lá, vou aplicar-vos o "a

Ministro das finanças espanhol: fujam!

Hoje vim até à fronteira de Vila Verde da Raia observar espanhóis com hematomas. Desde ontem que andam todos marcados e se vêem à rasca para disfarçar as nódoas negras. Andam amedrontados porque Cristóbal Montoro (o pai era amante de westerns spagetti), ministro das finanças, já regressou a território espanhol e parece que chegou armado até aos dentes. "É um político muito agressivo", diz quem o conhece bem e que preferiu, por razões óbvias, manter o anonimato. A sua especialidade são reformas laborais feitas em pau de marmeleiro para melhor assapar no povo, mas também é capaz de infligir dor através de decretos-lei e portarias. Não gosta de meiguices e abomina os piegas, por isso é que detesta os portugueses e admira o Pedro Passos Coelho, que nos atura apesar de sermos lamechas e nos queixarmos por tudo e por nada. Por estes dias, há duas classes acossadas no país vizinho: os juízes e os trabalhadores. Se for ao mesmo tempo juiz e trabalhador, então nesse caso, o caldo es

Gaspar engata Schäble

Bom dia. O meu psicanalista - que por acaso está de baixa - disse-me, na última vez que lá fui parar com uma crise de rins e espasmos, que com menos dez quilos de traumas no bucho eu andaria muito melhor. Perguntei-lhe onde é que se emagrecia a alma, se havia alguma clínica, ou assim, e ele disse-me que tinha de abandonar cristo e passar a consumir drogas finas. Parece que estou a ouvi-lo dizer: " - Evita as leves e as duras. As primeiras levam-te às segundas, as segundas só te fazem perder vinte e um gramas e acabam-se os bifes de jeito". Ele adora referências ao Woddy Allen e eu também não desgosto, acho que é por isso que não lhe cobro nada por lá ir. Depois, num momento de clarividência - e antes de me fazer um papa nicolau só para ver se estava tudo bem -, disse-me que ele próprio andava a tentar perder uma arroba. E que aí, sim, aí eu ficaria completamente curado. Por essa altura, já não o conseguia ver direito, ainda tentei sublinhar a grossura da minha voz ao dizer q

Ai se eu te pego!

Quando estava a vir para o estúdio do blog onde gravo estas crónicas, percebi que tinha ainda o arroz de feijão que comi ao meio-dia a acabar de cozer nos intestinos. É uma espécie de cozido das furnas, nada de mais, mas prevejo, ainda assim, um resto de quinta-feira complicado para as pessoas que me rodeiam. Entretanto, hoje costuma chegar a conta da luz e eu só estou à espera para ver se aquilo vem em mandarim. Se vier, aí sim, vou começar a falar. Até agora tenho-me contido, mas se a factura da electricidade vier em tuning vão ficar a conhecer-me melhor. Entretanto, devo dizer que trouxe comigo para o estúdio a minha mulher, porque ontem à noite nos esquecemos de fazer amor. É natural que de vez em quando tenha de interromper a crónica, pois há momentos em que vou precisar das mãos. São poucos, mas sempre que necessário lá terá de ser. Não se preocupem, pois há uma cortina no estúdio e ela está do lado de lá, logo, estão garantidos o respeito pela instituição familiar e a discrição

Nem o pai morre...

Aquilo que eu aprecio mais nas pessoas que já atingiram uma certa idade... Ok, admito, estou a falar do Mário Soares. Andava a protelar isto a ver se a gente almoçava, mas o que é certo é que nada acontece e, assim, não me restam grandes alternativas. Lá terei de falar no homem, apesar de ter prometido ao meu pai que jamais o faria. Agora que penso nisso, o meu pai deve ter pressentido que iria morrer primeiro que ele, o que o deve ter aborrecido muito. A esta distância, friamente, também não era algo difícil de prever: um foi enviado à força para Angola, na década de setenta; o outro, para aquele país africano, como é que se chama?, ai!, França, isso. Como estava a dizer, o que eu aprecio mais nas pessoas que já atingiram uma certa idade é que já não lhes resta muito tempo. Enfim, no caso do Mário Soares não se verifica e eu só encontro uma explicação para que isto aconteça: ele está a embirrar comigo! Estou convencido que um dia que morra vai ser daquelas "pessoas que não morre

Pensamento do escaravelho

Não foi um barco grande a afundar-se em Itália, foi a Itália a afundar-se dentro de um barco grande.

Às compras

Andar num supermercado é hoje em dia uma tarefa para corredores de meio fundo etíopes (sem desprimor pelos corredores de meio fundo quenianos e somalis), sobretudo, porque temos a sensação de entrar numa máquina de flippers e de sermos a bola. No fim-de-semana passado fui a uma grande superfície, da qual não vou dizer o nome, mas que é uma daquelas empresas modelo e fica no continente europeu. Há, desde logo, uma coisa que me mete muita, muita impressão: um homem “todo sorrisinhos para cima de mim”, mesmo que seja numa fotografia, e mantenha uma distância de segurança. Não gosto, é um preconceito meu, chamem-me esquisito, mas prefiro a Marta do OK Teleseguros, por exemplo. Chamem-me homofóbico, hemofílico ou hematoma, não quero saber, quero é paz no momento de escolher entre o arroz carolino ou agulha. A Marta inspira-me mais confiança, é só isso. O homem até pode ser uma pessoa excelente, escutem, o cartão que ele tem na mão até pode não ser um daqueles que abre portas de quarto de h

Logótipo

A Lu pediu-me que deixasse de falar dos pés das outras, por isso escusam de pedir muito que eu não vou mais por aí... Como tinha previsto que as próximas dez crónicas fossem sobre pés, tenho de repensar os temas, o que ainda vai levar algum tempo. É aqui que o manual manda fazer a piada: "Pronto, já está", e continuava a crónica, mas não vou fazê-lo, em primeiro, para me irritar a mim próprio, em segundo, para irritar o primeiro leitor deste blog que não tenha sido convocado directamente por mim via sms, mail ou ameaça física, em terceiro, porque sim. Agora que já demonstrei o quão amadurecida está a minha capacidade de argumentação, dizer-vos que andamos a trabalhar no logótipo deste projecto humorístico. A minha sugestão é o desenho do mapa da velha Europa, sendo a estremadura substituída por um braço, um braço forte, de veias salientes, estendido sobre o Atlântico. A mão, uma balsa calejada e rugosa, virada para cima, pede esmola.

Coliseu romano

De manhã, sou como o Tom Waits a cantar o Waltzing Matilda , só que em rouco! Ou seja, para tornar tudo claro já: o Pedro Abrunhosa ao lado do Tom Waits é a Anabela, já o Tom Waits, quando comparado comigo, é a Dina, ainda que mais bonito, embora não sendo fácil, porque o amor de água fresca de todos nós é muito bonito. Pela manhã, tenho aquela voz grave e acentuadamente rouca, as minhas cordas vocais parecem-se com a correia dentada de uma Fazer 600 e a minha laringe equivale a uma betoneira, que um trolha do tamanho de um smurf , que vive na minha garganta, atesta sem cessar com pazadas de areia... Alguns de vocês poderão reflectir um pouco e chegar à conclusão que tudo isto é irrelevante, uma vez que a crónica é escrita. Bom, para vocês que acabam de formular juízos temerários, tenho três palavras: gravador digital áudio. Ando a juntar dinheiro para um com a mesada que a minha mãe me dá, e conto um dia destes começar a gravar as crónicas e disponibilizá-las em versão áudio. Se ten

Pensamento do escaravelho

Se eu tivesse dinheiro abria uma loja de aventais.

Descalça vai à fonte...

Para aqueles que acham que o "dia de amanhã será melhor", gostaria de dizer apenas isto: o dia de hoje é o dia de amanhã de ontem! Agora que já acertamos o calendário das nossas expectativas, penso que posso ir directamente ao que me traz cá hoje: pés nus. Para mim, a panca começou quando o Tarantino descalçou a Uma Thurman no pulp fiction . A cena em que Mia Wallace e Vincent Vega (Travolta) dançavam um twist na pista de um dinner ou o diálogo absolutamente assombroso à volta da foot massage entre Jules (Samuel L Jackson) e Vincent despertaram um interesse que de lá para cá ganhou uma importância desmesurada na minha vida, a ponto de estar descalço no momento exacto em que faço esta crónica, dentro de uma sapataria, onde já me apaixonei por um 36 de senhora e um 42 de homem. Se você é um dos meus, então esta crónica é para si. O pulp fiction ainda hoje o guardo (bate no peito) na mão direita. Entretanto, a semana passada, comentando isto com o meu psicanalista, este diss

A natureza sábia toda

Se você achar que o Carlo Monteiro é um dos agentes imobiliários mais sensais da história recente da compra e venda de imóveis, isso não significa que você ande com "coisas" na cabeça. (Pausa) Significar, significar, até significa, mas não há-de ser nada de grave. (Pausa) Bom, é grave, é grave sim senhor. Eu sei que o que apetece agora aqui é largar uma mentirinha piedosa, ou um punzinho, mas resistirei à tentação de tapar o sol com a peneira, como diz o bom do povo, como diria, estou certo, o Carlo Monteiro. Se não estiverem a visualizar a imagem do Carlo Monteiro, que aparece nos outdoors publictários da Remax de Braga, vão ao google e façam uma pesquisa com o  nome deste jovem coleccionador de escrituras de casas e molhos de chaves. Claro que se fizerem isto, o vosso caso ainda é mais sério do o que se pensava inicialmente, mas quanto a isso... Agora, se a sua esposa se entusiasma - vamos dizer "entusiasma" que é para não dizer logo o que é - quando vê os jogado

The hunting season

A "caça ao cómico" é uma caça aos cromos. É uma visita de estudo a Lisboa para adolescentes. No fim, possivelmente, alguém há-de sobreviver e já não voltará à terrinha. É estranho, contudo, pensar-se que pode ser por ali. Piada, piada tem o Unas, mas este não está a prestar provas. Se ele ao menos desse um pézinho de dança.

Levo o meu Fariseu para todo o lado!

Cenário e contexto : este é mais um Sketch cuja ideia é desdobrar em diferentes momentos/situações a exibir intercaladamente ao longo de um episódio (ou ao longo de diferentes episódios). Será um daqueles para “unir” um episódio, para definir as suas costuras e ajudar a criar a ideia de um todo auto-suficiente. A ideia é evidentemente jogar com a figura “bíblica” do fariseu, doutor de leis, cuja principal característica é cumprir escrupulosamente a lei judaica (“a Tora”). Em cada situação (desdobramento) um dos personagens andará com um fariseu debaixo do braço (literalmente), ao qual recorrerá sempre que tenha de resolver alguma questão legal, moral, religiosa. O fariseu será transportado da mesma maneira que um francês transporta a baguette, com a mesma naturalidade, não devendo nunca parecer um elemento estranho (ou pesado ao personagem que o transporta). Bom, se isto for difícil de pôr em prática, o fariseu deverá andar preso por uma trela. As situações deverão ser actuais, havend